Para
que uma organização, uma comunidade ou um sistema funcione, é necessário que
todos os seus elementos estejam combinados ou bem arranjados.
Mas
não pense que arranjar músicas é uma tarefa fácil ou glamorosa. Segundo o músico
Paulo Tiné, a atividade é tão desgastante que o maestro Tom Jobim, assim que ficou
famoso, tratou de terceirizar esse procedimento.
Mas o que é um arranjo?
Tomemos
por base a matemática: a análise combinatória estuda dois tipos de
agrupamentos: Arranjos e combinações.
Nesse
caso, os arranjos são caracterizados pela natureza e pela ordem dos elementos
escolhidos.
Na
área da computação, o arranjo é a estrutura de dados para organização de
elementos através de índices.
Na
culinária, é necessário que os ingredientes harmonizem para que a receita dê
certo. As vezes o menos é mais. Em outras ocasiões, é permitido um exagero
aqui, outro ali. Outras receitas requerem quantidades exatas. Por mais que não
exista uma fórmula definitiva, é preciso que tudo esteja combinando.
Nos
esportes coletivos, um time bem arranjado tende a ser superior aos adversários.
Vamos pegar como exemplo a última Copa do Mundo. Todos lembram o que aconteceu
quando uma certa seleção européia que “jogava por música” enfrentou a seleção
anfitriã, que desafinou em campo, permitiu tabelas em espaços menores que
semicolcheias e acabou levando um gol para cada nota musical da escala natural.
O
maestro alemão (aquele treinador que possui uma mania nada higiênica de se “alimentar”
durante as partidas), deu uma lição de coletividade, de fazer inveja às
melhores orquestras do mundo e conduziu seu time ao tetracampeonato mundial.
Na
música, a organização dos elementos, a função de cada instrumento e a preparação
de uma composição musical para a execução por um grupo específico de vozes ou
instrumentos musicais é denominado
arranjo.
Todas as músicas
possuem seu arranjo.
Alguns
arranjos são mais elaborados, como aqueles que são executados por orquestras.
Outros são mais simples, como aquele forrozinho maroto tocado em
estabelecimentos “risca-faca”, por um cantor que abusa da criatividade e do
repertório de reputação duvidosa acompanhado apenas de um teclado e um
microfone.
Assim
como no nosso sistema digestivo, um “desarranjo” pode trazer danos irreparáveis
à reputação de um músico. Por isso é importante caprichar nesse processo. É
necessário saber para que e para quem se destina o trabalho a fim de que a
mensagem seja transmitida de forma clara e objetiva no resultado final.
Ao
recriar o material pré-existente para que fique em forma diferente das execuções
anteriores ou para tornar a música mais atraente para o público, o arranjador
precisa estar ciente dos recursos disponíveis, tais como a instrumentação e a
habilidade dos músicos.
Deve
também planejar seu trabalho e conhecer bem seus objetivos. Em muitos casos, o
arranjo inclui a mudança no estilo da música. É possível, por exemplo,
transformar um samba em um rock ou uma peça composta para uma voz solista para
ser cantada por um coral.
O
arranjo pode ser uma expansão, quando uma música para poucos instrumentos é
executada por um grupo musical maior como uma orquestra ou grupo coral. Pode
também ser uma redução, como quando uma música para orquestra é reduzida para
ser tocada por um conjunto menor ou mesmo por um instrumento solista.
Portanto,
para desenvolver um bom arranjo, o músico deve dominar a criação da base rítmica,
contracantos e linhas de baixo, instrumentação, estilo, dinâmica, variações de
andamento, expressão e a estruturação da peça.
E
depois documentar esse trabalho através de uma partitura - ou outros métodos de
notação musical - para o registro da obra e para que outras pessoas possam
executá-la conforme o planejado.
E
pode ter certeza que aquele forrozinho maroto do estabelecimento
"risca-faca" também levou um certo tempo para ser elaborado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário