A vaidade é algo comum em todo ser humano, mas, gostaríamos, com esse texto, chamar a atenção dos músicos: instrumentistas e cantores. Esta é uma categoria que tem ganhado muita notoriedade com o boom da música gospel e vem moldando a forma de cultuar da Igreja. Anteriormente, a congregação cantava embalada por hinários e um organista. Isto foi mudando e após a revolucionária década de 1960 a sonoridade pop invadiu as liturgias, com isso boa parte das igrejas aderiu ao que chamamos de “liturgia contemporânea”.
Embora gostemos das letras contidas nos hinários, pois teologicamente
são bem robustas, não desprezamos a musicalidade de nossa época. Os louvores
podem sim ter uma melodia que comportem serem tocadas por instrumentos como
guitarra, bateria e baixo. Quanto a isso, não há nada de errado em si. O foco
importante deve estar no comportamento do grupo de louvor e, sobretudo, no
conteúdo daquilo que se canta. Fica a pergunta no ar: Os louvores
contemporâneos são bíblicos?
Todos os
cantores e instrumentistas que compõem os grupos de louvor devem saber
exatamente o que significa louvar a Deus, e porque isso é parte importante no
culto. Em Efésios
5.19, o apóstolo Paulo vai citar os elementos de culto
e lá estão listados hinos e cânticos espirituais. Este é o respaldo bíblico
para que a música seja parte importante no ajuntamento dos remidos para adorar
ao Deus verdadeiro (durante a reforma do século 16, alguns teólogos eram contra
as músicas executadas nos cultos). Portanto, é necessário entender que o
objetivo do louvor não é demonstrar técnica exuberante e nem chamar a atenção
da igreja a um determinado instrumento ou cantor. O objetivo do período de louvor
é a glória de Deus.
Tendo este
pressuposto bem definido (o louvor é para glorificarmos a Deus), gostaríamos de
elencar alguns conselhos práticos para que os grupos de louvor pudessem se
apresentar sem querer roubar a glória de Deus. Um princípio joanino deve vir
sempre à mente quando o assunto é louvor e adoração: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30). Agora vamos aos pontos, que formam sete conselhos bem
práticos:
I) Cantem as Escrituras: Pegando
carona no nome do blog, aconselhamos aos grupos de louvor que organizem o
repertório com músicas que mostrem claramente passagens bíblicas. Algo precioso
da herança reformada é o princípio de que temos que ler a Bíblia, orar a
Bíblia, pregar a Bíblia, cantar a Bíblia e viver a Bíblia. Se ela é nossa fonte
suprema de sabedoria, o livro da revelação que nos alimenta espiritualmente, o
retrato de Cristo (pois aponta para ele) e nosso guia prático, então porque
cantar letras derivadas de outros mananciais? Chega de tanto humanismo e
psicologia barata que fala que “você é campeão e vencedor”. Paremos com esses
“hinos” que amaciam nosso ego e que não tem respaldo na Palavra. Embasemos
nossas canções na Sagrada Escritura. Isto agrada a Deus.
II) Não molde o repertório ao gosto pessoal: O culto é determinado por Deus e não está ao bel prazer do grupo
de músicos. Deus o instituiu para ser comunitário. A Igreja é quem louva
e não o grupo de louvor sozinho. Lembrem que a congregação é multi-geracional,
isto é, tem diversas gerações: idosos, adultos, jovens, adolescentes e
crianças. Temos visto que o estilo de música mais atraente para o público jovem
tem dominado as listas de canções nos cultos. Lembrem que, na igreja, nem todo
mundo é fã de solos de guitarra e gritos ensurdecedores. Parem de tocar músicas
de aulas de aeróbica. Não desprezem os antigos hinos, toque-os alternando-os
com hinos mais recentes. E não se esqueçam da importância do nosso primeiro
item, que é cantar a Bíblia.
III) Abaixem o volume e evitem o estrelato: Como dito acima, o culto é comunitário. A igreja canta junto numa
só voz. A maioria esmagadora dos grupos de louvor cobre a voz da congregação
devido ao alto volume do seu som amplificado. É preciso ter sensibilidade e
evitar o exibicionismo. A congregação também encontra dificuldades quando a
música escolhida tem um tom muito elevado, onde apenas o cantor consegue
alcançar as notas. Ademais, quando um músico toca em uma apresentação fora da
igreja, ele está apresentando sua arte, em muitos casos deve realmente
demonstrar técnica e virtuosismo instrumental, mas, no culto solene o objetivo
não é esse, é apenas acompanhar a melodia e conduzir o povo a louvar a Deus.
Conduzir o louvor – e não se apresentar – é o propósito. Entendeu?
IV) Não queiram ser os mais importantes no culto: Como foi frisado, o momento de louvor é para a igreja cantar ao
Senhor. Sendo assim, não é o momento para orações extensas e pregações no meio
da música. A pregação será realizada pelo pastor. A música na igreja não pode
ofuscar a pregação. Em muitos lugares temos de quinze à vinte minutos de
pregação e quase duas horas de música. Nesse caso, tanto o pastor como os
músicos devem ter ciência que estão em desobediência a Palavra de Deus e
invalidando a pregação do evangelho. A música comunica o evangelho, mas, a
pregação foi o meio criado por Deus para que os homens creiam e se arrependam
dos seus pecados. Não se pode reposicionar a música no lugar da pregação. E
também, o momento do louvor não prepara o coração da igreja para a pregação,
quem prepara a igreja para o momento da exposição da Palavra é o Espirito
Santo. Não acredite que o momento do louvor é mais importante no culto, pois
não é. A pregação é o momento que Deus fala com sua igreja. A pregação foi
determinada por Deus como meio de transmissão de sua poderosa graça, pois nela,
a Escritura é exposta e por meio da exposição bíblica o Espírito Santo age
convertendo corações. Tenham cuidado para não negligenciar aquilo que Deus deu
importância no seu culto.
V) Zelem por uma boa conduta: Os
músicos cristãos devem ter uma vida piedosa, santa e não escandalosa e ímpia
como acontece em alguns casos. Tocar na igreja não pode ser um passatempo, mas,
um exercício piedoso. Componentes carnais, insubordinados ou estrelas devem se
arrepender ou então serem afastados de seus afazeres nas atividades musicais na
igreja. Os músicos cristãos devem reger suas atividades diárias pela Escritura
Sagrada. Devem ler a Bíblia, amar a Palavra de Deus. O momento de louvor não é
um show, aqueles que cantam e tocam na igreja devem saber que sua presença a
frente da congregação é algo de responsabilidade para com Deus e não para
inflar o ego. Por isso deve-se atentar também até para o tipo de roupa do
grupo. Mulheres com roupas extremamente apertadas e sensuais, ou homens da
mesma forma amantes de si mesmo e da sensualidade não podem estar a frente
desse momento solene no culto.
VI) Dediquem-se a música com esmero: Os
músicos crentes devem estudar seu instrumento (isso inclui a voz) de forma
excelente. Devem ser bons músicos, pois estão fazendo para glória de Deus.
Certa feita, um sapateiro perguntou para Lutero o que deveria fazer para
agradar a Deus. O Reformador lhe respondeu dizendo que ele deveria cuidar dos
sapatos de maneira caprichada, assim, poderia até “engraxar sapatos para o
louvor do SENHOR Deus”. Os músicos cristãos devem ter boa técnica e conhecer os
mais variados gêneros musicais, devem ser exímios conhecedores de sua arte.
Deus é o autor de todas as coisas. O grande artista que fez o homem a Sua
imagem e semelhança, dotando o ser humano com vários dons. A música é um dom
divino e precisa ser executada e desenvolvida com uma mentalidade reverente. O compositor
erudito Johann Sebastian Bach entendeu isso. Ele compôs suas sinfonias dando o
máximo de si e ao final de cada partitura colocava a sigla S.D.G. (Só a Deus
Glória, do latim Soli Deo
Gloria).
VII) Envolvam-se com a Igreja: “Meu ministério é tocar/cantar”. Esta é uma frase comum, todavia enganosa. Cantar ou tocar um
instrumento é um dom que pode ser colocado a serviço da igreja, todavia,
ministério é algo que é indispensável. Vamos tornar mais claro: A igreja
sobrevive sem guitarra ou sem bateria. A igreja ainda será igreja mesmo sem a
voz aveludada de um cantor talentoso. Todavia, a igreja não pode deixar de lado
a pregação do evangelho, o discipulado, a administração dos sacramentos e o
diaconato. Logo, envolvam-se para além da música e sirvam num ministério, seja
ele de ensino, de evangelismo ou de ação social. Não limitem a vida cristã aos
ensaios para os cultos. Ser um discípulo de Cristo deve ultrapassar – e muito –
a esfera da musicalidade.
Bem, aqui
finalizamos na expectativa que tais conselhos ajudem a todos os que trabalham
com a música nas congregações. Falamos como irmãos em Cristo, e membros que
amam a Igreja do SENHOR, valorizando o culto comunitário como sendo uma fonte
vigorosa que nos incentiva no caminho do Evangelho.
Conteúdo de grande relevância retirado do blog "Cante as escrituras".
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